Quando se pensa na preparação para concursos públicos, a fiel compreensão deste tema necessita anteceder a fase inicial dos estudos.
Todavia, não constitui tarefa fácil abordar este relevante tema de forma adequada, simples e direta, em função do seu grau de abstração.
Para tanto, irei me valer, inicialmente, do uso de uma situação imaginativa.
Inspirado pela imagem que ilustra esta publicação, convido-lhe a se imaginar como um piloto de combate durante a 2º Guerra Mundial sobrevoando o território inimigo repleto de baterias da artilharia antiaérea atirando contra a sua aeronave numa região plenamente dominada por tropas inimigas.
O cenário é tenso!
Você sabe que, a qualquer momento, um grave incidente pode lhe ocorrer e, na “melhor das hipóteses”, vir a perder a sua vida de uma forma breve, na pior, ser capturado vivo como prisioneiro de guerra e submetido a torturas brutais ― intermináveis ou até sua morte ―, já que um piloto, em cenários desta natureza, é tido como detentor de informações valiosas sobre o teatro de operações, quase sempre reveladas mediante tortura.
Nesta ocasião, as suas pupilas estão bastante dilatadas, sua pele pálida, sua respiração ofegante e o seu coração está praticamente “saindo pela boca”, tudo isso em decorrência da elevada quantidade de adrenalina circulando em sua corrente sanguínea, que o seu corpo produziu para lhe manter em estado de alerta máximo.
Diante deste pesadelo real, você começa a desconfiar de que algum erro ocorreu, já que a sua missão planejada pelo escalão superior não previa esse contato hostil.
Seus pensamentos, altamente acelerados nesta ocasião, trouxeram-lhe rapidamente a memória de que o planejamento da missão previa um mero deslocamento aéreo até uma outra base amiga, sempre sobrevoando áreas controladas por tropas amigas.
Além disso, durante os últimos 15 minutos de voo, você vinha estranhando os acidentes geográficos que observava no solo, em comparação ao trajeto planejado antes da decolagem.
Já desconfiando do que poderia ter ocorrido, você resolveu checar os instrumentos de voo da aeronave, daí percebeu três problemas gravíssimos, já incontornáveis nesta altura.
1 – Durante os preparativos da aeronave para a decolagem, você se confundiu e lançou na “bússola” do avião um RUMO ERRADO, por ter adotado um azimute (“rumo em graus”) de 160 graus, em vez de 16 graus, que seria o RUMO CERTO;
2 – Devido ter utilizado a VELOCIDADE MÁXIMA da aeronave durante todo deslocamento já realizado, desde a decolagem, você tinha avançado demais no RUMO ERRADO, em pleno território inimigo; e
3 – Considerando a autonomia máxima de voo da sua aeronave nesta missão ― limite definido por variáveis que englobam a quantidade de combustível ao decolar (RECURSO VITAL) ― , você percebeu que só tinha mais 30 minutos de voo, tempo insuficiente para conseguir abandonar o território inimigo, a partir do ponto em que se encontrava, independentemente do novo rumo adotado.
Ciente dos próximos ― e péssimos ― cenários possíveis que lhe aguardavam, você passou rapidamente ao auto xingamento (idiota! idiota! idiota! …), acompanhado de fortes tapas que dava em seu próprio rosto, enquanto permanecia incrédulo com o erro colossal que tinha cometido ao definir o seu RUMO de navegação.
Sei que esta cena descrita está longe de ser agradável, mas a utilizo como recurso de retórica para ilustrar as consequências nefastas que você pode vir a suportar ao cometer erros na definição do RUMO a seguir para alcançar os seus objetivos de vida.
Esta situação nos permite elencar alguns aprendizados, que muito valem à vida:
-
- Na fase de planejamento e de preparação ao alcance de qualquer objetivo de vida, é fundamental realizarmos uma análise meticulosa para nos certificar de que o RUMO a ser adotado no trajeto está correto;
-
- É melhor navegar em baixa velocidade no RUMO CERTO do que em alta velocidade no RUMO ERRADO; e
-
- Navegar no RUMO ERRADO não apenas desperdiça os nossos recursos ― na vida cotidiana, possivelmente, o TEMPO seja o mais relevante ―, mas também nos conduz para DESTINOS NÃO DESEJADOS.
Isto vale para todos os contextos da vida, incluindo, evidentemente, o estudo preparatório para concursos públicos.
…
Abraços,
Rodrigo.